Não estou mais conseguindo escrever no sábado, que é o mesmo dia da Gira, pois estou saindo muito cansado.
Conto então, aos domingos o que aconteceu no dia anterior.
Ontem, estive na minha terceira aula de desenvolvimento. Juntamente com a turma, assisti um vídeo sobre o Candomblé. Tiramos algumas dúvidas deste que é um ritual que influenciou a Umbanda. Comparamos os dois e levantamos as diferenças.
Depois fomos ao terreiro e fizemos um círculo para iniciarmos o desenvolvimento prático. Desta vez ficamos todos de pé. A mãe-pequena fez um certo mistério sobre com o que trabalharíamos até que repentinamente ouviu-se o som do boiadeiro.
Outros membros da casa, incorporaram boiadeiros para ajudar os que estavam em treinamento. Descalço, fui levado a um deles.
Senti a energia bem forte. O boiadeiro colocava a mão na minha nuca e a outra no meu peito. Comecei a sentir minha perna fraquejar, querendo dobrar. De repente senti que outra entidade encostou em minhas costas, e ai comecei a tremer. Quando me dei conta, tinha trepidado até o centro do círculo.
Aí, aconteceu algo novo para meu aprendizado. Uma campainha tocava no lado de fora do centro. Era um outro membro querendo entrar, porém a porta estava trancada para não atrapalhar o desenvolvimento.
E a campainha tocava, e tocava. Aos poucos, os encorporados, foram retornando sob pressão. E quando todos retornaram, inclusive eu, encerramos com uma oração o desenvolvimento.
Abriu-se a porta e iniciou-se um bate-boca.
Eu, Ruan, sentia que ainda estava estranho, minhas pernas ainda cediam e eu estava tremendo. Puxei uma cadeira para sentar, tentei descansar, puxei um livro para ler, mas não conseguia.
Conversei com a mãe-pequena e ela me disse que alguns outros estavam assim pela forma de interrupção brusca do desenvolvimento.
Fiquei aguardando a Gira começar, esperançoso de que quando os caboclos viessem fazer a limpeza, eu melhoraria.
E a gira começou. Gira de baianos. Cantamos pontos dos Exus protetores da casa, pontos de defumação, pontos para Oxalá, que foi o orixá escolhido para esta semana. E aí começaram os pontos dos caboclos.
E fui até um deles para que fosse realizada a limpeza.
Novamente comecei a sentir a energia do caboclo. E veio forte. Eu tremia, muito, com velocidade. Senti meus braços ficando dormentes. Minhas pernas ficando duras. E após um tempo retornei ao meu lugar na assistência.
Voltei me sentindo bem! Agora sim eu estava bem.
Passado algum tempo, fui me consultar com a baiana Madalena do Coco. Ao chegar perto dela, já não consegui mais falar. Comecei a sentir dores de cabeça e ela, rapidamente já segurou as minhas mãos. Comecei a sentir a energia bem forte. A baiana me abraçou. Enquanto sentia a energia, por vezes ficava na ponta dos pés. Nunca havia sentido isso. Como se uma energia me lançasse para cima.
Fiquei abraçado a ela até melhorar.
Ela me disse que eu tenho que aprender a controlar isso. Que eu tenho que deixar claro para os guias, que apesar da permissão para me usar como ferramenta para caridade, o dono do corpo ainda sou eu e que eles tem que me respeitar.
Ouvi calmamente e guardei este ensinamento para reflexão.
Retornei para a assistência e aguardei o final da gira. A mãe-pequena, minha instrutora, fez um sinal para que eu esperasse por ela, pois havia algo a ser dito.
Após o encerramento, ela veio até mim e me disse que havia conversado com seu Zé Pelintra, e ele havia me autorizado a participar da próxima gira, dentro do terreiro!
Ainda não sei bem como vou ajudar, mas estou ansioso com o próximo sábado. Será uma festa para Oxossi!
Até lá!
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